14 fevereiro, 2007

PARTIDA DE UM AMOR

Olho meu filho e vejo sua alma, que nesse momento sangra de dor.
A vida abandonou, em parte, o seu corpo, partiu com o seu amor.
Amor ladrão - não ficou e quando foi lhe tirou toda a vitalidade, levou também a vontade de viver.
Como viver... se lhe falta tudo ?
Se ela, ao partir, o partiu por inteiro? Deixou sua alma e o seu coração sem rumo, sem direção, sem querer. Não há gosto, não há sabor - mas é preciso continuar, não parar no meio da estrada.
Lá longe há uma luz que vai iluminar primeiro seu coração, vai envolvê-lo, afaga-lo, curá-lo colocar bálsamo, cicatrizar o ferimento profundo que enlutou, destruiu.
Coração acalentado, a visão de novas certezas.
Consciência da presença da vida. Lembrar que renascemos sempre. Que não podemos estar em aflições, ansiedades, impedindo que tudo o que é belo e está em nós fique para sempre adormecido.
Haverá um novo despertar, tem que haver. Eu sei. Você está em tempo de espera, isto é necessário - trabalhar com as emoçõesque essa perda deixou. Quando todas as suas resistências forem quebradas, quando tudo transbordar, quando abortar toda a confusão, quando seu entendimento deixar de procurar razões, você aceitar que não era esse o fim que programou, mas que ainda há afeição, carinho, um mundo cheio de amor, a alegria irá morar novamente nesse lugar muito especial que é você.
Você, filho, está no tempo de maturação e matutando sobre a sua vida parado sem querer, sem sentir.
Viver assim é como sempre digo: é comer para viver, difícil de mastigar, impossível de engolir.
Eu estou de fora, mas infinitamente por dentro. Percebo tudo. Acompanho tudo, sofro tudo. Sei também que esse processo porque passa é necessário, natural, para que você possa ir até o fundo do poço e voltar à superfície renovado.
Há à sua espera um riacho de águas mansas onde você se banhará, se lavará e deixará toda essa dor.

Aurélia

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