O silêncio e a beleza do amanhecer me traz imenso prazer.
Tudo vai vagarosamente despertando.
O sol é fraco, de uma luminosidade muito grande.
As nuvens passeiam pelo céu procurando por ordem,
como numa casa, em que colocamos as coisas
em seus devidos lugares.
A lua, ainda passeia preguiçosamente, estando quase
misturada a esse movimentar das nuvens, indecisa,
sabendo que é hora de se recolher,
mas querendo ficar, por apenas se deixar ficar.
Em mim, também, essa mesma indolência.
Não consigo me movimentar.
Só posso rezar ou escrever porque tanto
para rezar ou para escrever precisamos de paz,
dessa falta de movimento.
É o momento de entrar, ver do lado de dentro.
Sondar cada cantinho do nosso ser
e ficar com esse ser que sou eu mesma, sem medos.
Ouvir minha voz, meu querer.
Conhecer sentimentos, emoções.
Soltar amarras, afrouxar as resistências.
Alguém acorda, arrasta os chinelos,
desperta meu cismar. Divido-me em pedaços.
Já não estou aquí somente.
Sem desejar acompanho, sigo o que está fora de mim.
- Sinto-me invadida, não consigo mais escrever,
onde o barulho, o movimento quebrasse o encantamento.
Até amanhã, quando curtirei novamente o prazer de estar só.
Aparecida- 1994
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